segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ano Novo... Ortografia Nova

É... 2008 chega ao fim e abre as portas para o Ano Novo.
E junto com 2009, vêm também as mudanças na ortografia da língua portuguesa.
Mas, não pense você que apenas o Brasil vai reformular sua ortografia.
A partir de Janeiro de 2009, Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste terão a ortografia unificada.
O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.

O que muda na ortografia em 2009:

- As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo".

- Mudam-se as normas para o uso do hífen

- Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".

- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos".

- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.

- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de "k", "w" e "y".

- O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).

- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.

- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção" e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo.

- Também em Portugal elimina-se o "h" inicial de algumas palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil: "úmido".

- Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Curiosidade

Uma das mais famosas erupções vulcânicas da história da humanidade ocorreu na manhã de 24 de agosto de 79 d.c., no sul da Itália. Nesse dia, o vulcão Vesúvio entrou em atividade depois de uma violenta explosão, lançando uma imensa quantidade de poeira, cinza e pequenos pedaços de rochas que chegaram a alcançar mais de 20 quilômetros de altura e caíram num raio de 15 quilômetros.
Como não houve derramamento de lava nesse momento, a grande maioria dos 16 mil moradores da cidade refugiou-se no interior das casas. Porém, a quantidade de materiais expelidos pelo vulcão foi tão grande que, em poucas horas, a cidade já estava totalmente coberta pelas cinzas, impedindo a fuga dos moradores. Muitos acabaram morrendo intoxicados pelos gases exalados após a erupção e também soterrados.
Na manhã do dia 25, o Vesúvio continuou em erupção derramando uma grande quantidade de lava que cobriu definitivamente, a cidade de Pompéia, um dos mais importantes centros urbanos da região naquela época.
Durante quase 1700 anos, a cidade permaneceu soterrada e esquecida. Em 1748, quando alguns operários realizavam escavações no local, Pompéia foi redescoberta.
Desde então, os trabalhos de escavação já desenterraram mais de metade das ruínas da cidade.
Essa erupção do Vesúvio, transformou drasticamente a paisagem do lugar.
No entanto, o mesmo fenômeno que encobriu Pompéia acabou por conservar, soterrada com a cidade, grande parte das construções, móveis,, utensílios e obras de arte que puderam revelar, para a posteridade, aspectos da cultura dos romanos que viviam naquela época.
Desse modo a ocorrência de um fenômeno natural, que ocasionou grandes alterações na paisagem, acabou conservando nas ruínas de Pompéia uma parte da história da humanidade.


Afresco que mostra o estilo da sala de jantar de uma residência em Pompéia. Nesta imagem, vê-se o dono da casa servindo um banquete a seus convidados,que são atendidos por jovens escravos


Lugar público utilizado por moradores de Pompéia para tomar banho


Cidade descoberta após escavações. Ao fundo, o vulcão Vesúvio


Corpos petrificados das vítimas que tentaram se refugiar no interior das casas.

Fonte: Livro Construindo Consciências Geografia. Autores: Valquíria Pires ed Beluce Belucci. Editora Scipione.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Então é Natal....

Aproveito a clássica canção para desejar a todos um Natal de muitas alegrias, paz e saúde.
Que 2009 venha cheio de coisas boas e com grandes conquistas.
Obrigada pelas visitas. E apareçam sempre, ok?! ;)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Reflexão Espetacular

Em tempos de espetacularização da notícia, celebridades relâmpago que surgem e desaparecem na velocidade da luz e foco em futilidades em detrimento de conhecimento realmente útil para a população, recomendo a leitura de um livro em especial: A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord. Publicada pela primeira vez em 1967, a obra, que apesar das inúmeras edições não sofreu nenhuma alteração, se enquadra perfeitamente no que se vive nos dias de hoje. Logo no início do prólogo para a terceira edição o Debord fala:
“A presente edição, ela também, permaneceu rigorosamente idêntica à de 1967. A presente edição, ela também, permaneceu rigorosamente idêntica à de 1967. A mesma regra norteará aliás, muito naturalmente, a reedição de todos os meus livros na Gallimard. Não sou destes que se corrigem”.
O motivo para tal afirmação, o autor explica no parágrafo seguinte:
“Uma teoria crítica como esta não tem que ser mudada; não enquanto não tiverem sido destruídas as condições gerais do longo período da história de que esta teoria terá sido a primeira a definir com exatidão. A continuação do desenvolvimento do período não fez senão confirmar e ilustrar a teoria do espetáculo cuja exposição, aqui reiterada, pode também ser considerada como histórica em uma acepção menos elevada”...
E ao final do prólogo, Debord avisa:
“É preciso ler este livro considerando que ele foi deliberadamente escrito na intenção de se opor à sociedade espetacular. Nunca é demais dizê-lo”.
Como se pode perceber, o conteúdo do livro é denso. É o tipo de leitura que desperta uma reflexão a cada parágrafo lido. E, confesso, enquanto lia, me perguntava se aquele livro havia mesmo sido escrito em 1967, tamanha a aplicabilidade das idéias e teorias aos dias atuais. Minhas impressões mais profundas a respeito da obra, prefiro reservá-las. Não por descaso, mas porque creio que este é o tipo de livro que deve ser lido sem comentários prévios. Para que, ao final, o leitor tire ele mesmo as suas próprias conclusões. Aos que se interessarem, o livro está disponível de forma gratuita em:

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/socespetaculo.html

Caso não apareça como link, copie e cole a linha acima em seu navegador.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Final de Ano... Reflita...

Natal chegando... Ano Novo também... Hora de iniciar as compras? Bom, o economista Reinaldo Cafeo, tem uma sugestão bem mais interessante e creio que quem segui-la sai no lucro. Abaixo, o texto.

"Pense bem: em uma corrida você ultrapassa o segundo colocado, em que posição você fica?

Espero sua resposta até o final deste artigo.

Na prática inúmeras vezes somos precipitados. No afã de fazer as coisas nos atropelamos.

Na gestão empresarial isso é demonstrado diariamente. O cérebro que deveria comandar a empresa abre espaço para as pernas, que teimam em nos levar para onde querem.

Somos tragados pela mídia, pelo consumismo, pelos programas de TV, pelos modismos, pelo status dos vizinhos, pela gastança.

Nos falta um crivo que nos permita filtrar as coisas. É a velha história de mastigar antes de engolir. Invertemos a seqüência das coisas e depois choramos "o leite derramado".

O final de ano se aproxima e normalmente paramos para refletir. Fazemos inúmeras promessas e estabelecemos novas metas. Utilize esse tempo. Veja o que é positivo e está lhe agregando valor e valorize. O resto, que lhe incomoda, descarte.

Isso vale para família, emprego, política e economia.

O pensar antes de responder, ouvir mais do que falar exigem disciplina e essas coisas devem ser praticadas, sempre!

Quanto à pergunta inicial, errou quem disse que fica em primeiro lugar, afinal, se ultrapassar o segundo colocado, ficará no lugar dele, em segundo.

Quem acertou já está exercitando o pensar antes, quem errou vale a atenção".

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ostra Feliz não Faz Pérola

Hoje, vou deixar-lhes com uma reflexão de um escritor o qual admiro muito: Rubem Alves. Para quem ainda não o conhece, recomendo "Mansamente Pastam as Ovelhas". Um livro repleto de mensagens que fazem realmente PENSAR na vida. Abaixo, um dos textos do livro citado.. O título, é o mesmo desta postagem: OSTRA FELIZ NÃO FAZ PÉROLA

“Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas – são animais mansos – seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostra felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostra felizes se riam dela e diziam: “Ela não sai da sua depressão...” Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho – por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a sua rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para a sua casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras de repente seus dentes bateram numa objeto duro que estava dentro da ostra. Ele tomou-o em suas mãos e deu uma gargalhada de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele tomou a pérola e deu-a de presente para a sua esposa. Ela ficou muito feliz...” Ostra feliz não faz pérolas. Isso vale para as ostras e vale para nós, seres humanos. As pessoas que se imaginam felizes simplesmente se dedicam a gozar a vida. E fazem bem. Mas as pessoas que sofrem, elas têm de produzir pérolas para poder viver. Assim é a vida dos artistas, dos educadores, dos profetas. Sofrimento que faz pérola não precisa ser sofrimento físico. Raramente é sofrimento físico. Na maioria das vezes são dores na alma.

Um pouco mais de Rubem Alves em: http://www.rubemalves.com.br
Vale a pena.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A Turma da Mônica também cresceu

É isso mesmo. Já estão nas bancas a revista com a Turma da Mônica adolescente. Agora com 15 ou 16 anos, as personagens passaram por algumas transformações e passam a viver experiências típicas da adolescência. A Mônica, fez dieta e emagreceu. O Cebolinha, agora Cebola, passou por um fonoaudiólogo e só troca o R pelo L quando fica nervoso. O Cascão, quem diria, passa a tomar banho.
A quarta edição da revista chega às bancas em breve. Neste número, a Mônica beija o Cebolinha. Em entrevista ao G1, o cartunista Maurício de Sousa, não revelou se o beijo acaba em namoro. Maurício diz ainda que a versão manga da Turma pode frustrar alguns leitores mais tradicionalistas, para outros, pode ser interessante.
"Temos três tipos de leitores atualmente: os veteranos que já liam a revista e a tem como uma recordação da infância. Os jovens, que querem conferir para ver se os personagens agem e reagem como eles mesmos. E a criançada, que quer ser igual à Turma da Mônica quando crescer. Eles vão curtir, achar interessante, bonitinho. Mas é capaz que os mais velhos falem: 'pecado, isso não poderia ter acontecido. Meus ídolos de infância envelheceram, eu eu também envelheci’”, disse o cartunista à equipe do G1.
A 4ª edição da revista chega às bancas com uma tiragem de 300 mil exemplares sendo aumentada a cada novo volume. Abaixo, a "cena" do beijo entre Mônica e Cebolinha e a capa da 4ª edição da Turma da Mônica Jovem.




Boa ou ruim, a mudança tem chamado a atenção. Tanto que a Mônica é capa da edição de aniversário da revista Sax. A publicação, voltada para temas relacionados a moda e artes, traz oito páginas de entrevista com o criador da Turma da Mônica. Para a revista, Maurício afirmou que a versão manga da Turma pode se transformar em uma série de desenhos animados no Cartoon Network. O seriado seria exibido em todo o mundo. É a Turma da Mônica crescendo em todos os sentidos.

Abaixo, Mônica adolescente na capa da revista Sax.


OBS: As revistas em quadrinhos infantis da Turma da Mônica continuam em circulação.

Fontes:
G1: http://g1.globo.com/Noticias/Quadrinhos/0,,MUL881139-9662,00-MONICA+E+CEBOLINHA+SE+BEIJAM+NOVA+FASE+DA+TURMA.html

Blog dos Quadrinhos: http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/arch2008-11-01_2008-11-30.html#2008_11-23_16_57_20-10623622-27

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Música para Acalmar a Alma...

A música de hoje fica por conta de Jorge Drexler. Um cantor e compositor uruguaio que se consagrou com a música "Al Otro Lado del Río", primeira canção em espanhol a ganhar um Oscar na categoria musical.
A voz aliada ao arranjo como um todo, dão às músicas a peculiaridade de Drexler.
Abaixo, duas canções que me encantam. Espero que gostem.
Todo se Transforma


Mi Guitarra y Vos


Agora, a canção que consagrou Drexler no cenário musical. "Al Otro Lado Del Río"



OBS: Em tempo.Meu muito obrigada a meu amigo chileno Mauricio por me "apresentar" a Drexler.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sobre o Jornalismo... Só quem nasceu para ele entende

Ao contrário do que muitos pensam, Jornalismo é muito mais que glamour. Aliás, glamour a profissão só tem para quem está fora dela. Horas e mais horas de muito trabalho para que tudo chegue ao público de forma clara e precisa. Todo o esforço é compensado pelas descobertas e emoções únicas que esta profissão proporciona. Espero, em breve, retornar a este universo fascinante. Abaixo, um texto que amo. Considero uma das melhores definições para esta profissão. O autor? Ninguém menos que Gabriel García Márquez.

"Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo das primícias, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte."
Gabriel Garcia Márquez

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Música...

Suavidade e força. É esta a marca da música de Brandi Carlile. A cantora e compositora norte-americana natural de Ravensdale, Washington, começou a tocar guitarra e escrever canções com apenas 15 anos. Antes de assinar contrato com uma gravadora, Carlile cantava com dois irmãos gêmeos Tim e Phil Hanseroth. A cantora atraiu a atenção da indústria musical depois de Dave Matthews ouviu a interpretação da sua banda em 2003 no Sasquatch! Music Festival. Para quem se interessar, segue abaixo um pouquinho do som de Brandi Carlile. A música é: The Story do álbum de mesmo nome lançado pela Columbia em 2007.
Durante quase todo o ano, o mundo acompanhou a corrida eleitoral para a presidência dos Estados Unidos. Depois de alguns meses, a primeira vitória: Barack Obama vence Hillary Clinton. Mas, ainda resta muito trabalho. Em novembro, o resultado final: Obama é eleito presidente dos EUA. O mundo vibra. Sinal de mudança no ar.
Sim, algo novo está por vir. Mas, ao mesmo tempo, é preciso que estejamos todos conscientes de que nem todas as decisões provêm somente da vontade do novo presidente.
Reflexões a parte, é hora de conhecer melhor a vida do homem que começa a fazer história no século XXI.
Abaixo, entrevista concedida pela esposa de Obama à equipe do Telegraph.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Entre Vistas... Para refletir

Entrevista feita por Camilo Vannuchi para a revista Isto É.
O entrevistado é Roberto Shinyashiki. Vale a pena ler.

Em "Heróis de Verdade", o escritor combate a supervalorização das aparências,
diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.

Isto É - Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki - Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso,
você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe.
O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa,há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa.
Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe.
O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.
Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.
São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

Isto É - O sr. citaria exemplos?

Shinyashiki - Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia.
Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis.
Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito "100% Jardim Irene".
É uma pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana.
Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio.
Por que tanta gente se mata?
Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

Isto É - Qual o resultado disso?

Shinyashiki - Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim.
Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança.
Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos.
Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

Isto É - Por quê?

Shinyashiki - O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento.
É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.
Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras.
Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco,
pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa.Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas.
Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

Isto É - Há um script estabelecido?

Shinyashiki - Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um Presidente de multinacional no programa O Aprendiz?
"Qual é seu defeito?"
Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:
"Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar."
É exatamente o que o Chefe quer escutar.
Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?
É contratado quem é bom em conversar, em fingir.
Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse: "Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir".
Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

Isto É - Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki - Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim
e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.
Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira.
Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.
Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado.
Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

Isto É - Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki - Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.
Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom.
Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer.
As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam.
E poucos são humildes para confessar que não sabem.

Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim.
Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

Isto É - Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo
e de valorizar a aparência?


Shinyashiki - Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis.
Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
Quem vai salvar o time? O técnico.
Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.
O problema é que eles não vão salvar nada!
Tive um professor de filosofia que dizia:
"Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham".
Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia.
Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.
A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda,todo mundo o considera um fracassado.

Isto É - O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki - Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado.
A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso.
Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram.
A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

Isto É - Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas,já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki - Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir mais facilmente.
Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos).
Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos.
Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.
Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo.
O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo.
Um amigão me perguntou: "Quem decidiu publicar esse livro?"
Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

Isto É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki - O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las.
São três fraquezas.
A primeira é precisar de aplauso,
a segunda é precisar se sentir amada
e a terceira é buscar segurança.
Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno.
Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.
Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.
O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

Isto É - Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade.
A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais.
A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias.
A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder.
O resultado é esse consumismo absurdo.
Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo.
Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas.
As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.

Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.
Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.
Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros,levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema.
Quando era recém-formado em São Paulo,trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.
Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz:
"Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz".
Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas.
Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida."

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Pontuando a vida...

Sobram Linhas...
Faltam palavras...
Um mundo de reticências se abriu...
E entre os poucos parênteses que restaram, nada existe.
As aspas se fecharam em segredo.
Aguardam ansiosamente a chegada do ponto final.
Mas, interrogações atravessam o caminho, chegam antes e trazem consigo algumas vírgulas seguidas de exclamações.
Num universo pontuado pela espera, cada pausa é um travessão.
Sinal de início ou de fala interrompida por explicações que não se explicam por si mesmas.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Universidade Federal de Viçosa está entre as melhores universidades do Brasil

Acabo de ler no site da UFV, uma notícia que me deixou muito feliz.

De acordo com classificação oficial divulgada pelo Ministério de Educação e Cultura – MEC - nesta segunda-feira, 08 de setembro de 2008, a Universidade Federal de Viçosa está entre as primeiras instituições de ensino superior do país. A UFV ocupa o 3º lugar no ranking das 10 melhores universidades brasileiras. Unifesp e UFSCPA estão em 1º e 2º lugar respectivamente. Na 4ª posição, vem outra universidade mineira, a UFMG. Junto com a UFV as duas são as únicas instituições de ensino superior de Minas Gerais a se classificar.
(Fonte: site a Universidade Federal de Viçosa – www.ufv.br)

Além de ensino de qualidade, a instituição oferece assistência médica, odontológica e psicológica a seus estudantes. Alunos carentes podem contar com alojamento e refeições no Restaurante Universitário – RU (estudantes da UFV têm desconto nas refeições e visitantes pagam preço normal).
Sou suspeita para falar sobre o assunto, mas, a UFV realmente mereceu o título.
Abaixo, algumas fotos com os devidos créditos.

UFV




UFV





terça-feira, 19 de agosto de 2008

Festas de Agosto

De 13 a 17 de agosto, as ruas de Montes Claros foram tomadas pela cultura e tradição das Festas de Agosto.
Marujos, caboclinhos, catopês, artesanato, comida típica... O colorido tomou conta do Centro da cidade e da alma daqueles que passaram pelo local.

Abaixo, algumas fotografias do evento que atrai visitantes de todas as partes do mundo.

Tradição

Cultura





Artesanato












terça-feira, 5 de agosto de 2008

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Ver a vida com olhos de criança

Como seria bom ver a vida com os olhos de uma criança...

Olhar atento a todos os detalhes. Ansioso por respostas. Fascinado por todas as descobertas.

Com menos medo, mais esperança.

Muitas perguntas, mas, também, uma infinidade de respostas.

Mais verdade.

Transparência.

Confiança.

O melhor de todos os remédios seria um sorriso sincero.

A maior de todas as belezas, o nascer do sol.

Crianças enxergam além.

Extraem de um simples olhar tudo o que a alma deseja expressar.

Vêem os outros não somente pelo que são por fora, mas, principalmente, pelo que têm dentro de si.

Não se preocupam com o que as outras pessoas vão pensar.

Fazem da vida uma grande festa, por isso, todos os momentos vividos nesta fase são transformados em imagens que levam dentro de si por toda a vida.

Vêem em pequenos gestos, grandes ações.

Transformam dor em alegria em questão de segundos.

Acreditam sempre que tudo vai dar certo porque conseguem enxergar onde encontrar o bem.

Passam energia para todos porque são vida. E como tal, têm sempre algo a ensinar.

Se todos vissem a vida com os olhos de uma criança, haveria mais coragem para seguir adiante.

Mais força para lutar pelo que se quer.

O futuro seria construído com base no otimismo.

Dúvidas só existiriam no momento de escolher entre um sorvete ou um chocolate.

E todos saberiam que vale a pena acreditar na vida.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Fragmentos de mim

De um vazio nasce a dor. A dor se expande e traz inquietação. Surge a vontade de escrever. Sufocar com tinta e papel a angústia que mata a alegria... Calar com palavras silenciosas o grito que ensurdece a alma... Sanar com a harmonia entre os vocábulos as feridas do coração. Extravasar a agonia para consolidar a paz. Organizar a desordem interior através da fluidez da realidade. A fugacidade do tempo, das pessoas, da vida... A consciência da inconstância, a plenitude do nada. O tempo passa, o vazio aumenta, a dor se esconde e a inquietação permanece.

De volta!!!!

Depois de muito tempo "fora do ar", retorno às atividades. Espero poder postar com mais freqüência. Para começar, ou melhor, recomeçar, minha homenagem a um lugar muito especial... Salvador.

S de Saudade... ou seria de Salvador?

Brasil. País de muitas cores, muitas caras. Cada canto com seu jeito, seu traço peculiar. Muito se sabe – ou se pensa que sabe - sobre tantos lugares. A verdade é que muitos destes pré-conceitos caem por terra quando se conhece de perto a realidade de cada região.

Em minhas andanças além das Gerais desfiz alguns dos mitos que carregava comigo e derrubei outros tantos que algumas pessoas traziam consigo. Entretanto, o que realmente me marcou foi toda a peculiaridade – no melhor de todos os sentidos – de Salvador. Tudo o que envolve este lugar tem uma cor diferente, um quê de fascinante.

Cidade de luz e muita, muita alegria.

“A terrinha” – como é chamada – tem uma energia inexplicável, uma força que se pega no ar. Salvador é muito mais que carnaval e trio elétrico. É um lugar o qual vale a pena conhecer em qualquer época do ano. Comida baiana... humm. Maravilhosa! Acarajé, vatapá, cuscuz, camarão, graviola e água de coco, muita água de coco...

Cultura? Lá, você encontra por toda a parte. Ali começou o Brasil. E estar frente a frente com pedaços de nossa história – tudo aquilo que se lê e vê nos livros – é simplesmente indescritível. O estilo barroco do Pelourinho, as 365 igrejas, o colonialismo da Sete de Setembro, do bairro do Comércio, a modernidade da avenida Tancredo Neves, a beleza das praias, os fortes, o calor humano... A hospitalidade do povo baiano é um assunto que merece parágrafo a parte.

Aonde quer que vá encontrará um sorriso amigo e a informação de que precisa. Caso a pessoa a quem recorreu não a tenha, pode estar certo de que ela não vai sossegar até conseguir. Se há um lugar em que a população sabe como receber visitantes, este lugar é Salvador. A simpatia e simplicidade do povo de lá são tão espontâneas que chegam a desconcertar, desarmar de qualquer grosseria quem tenha em mente cometê-la.

O sotaque baiano também ajuda, pois, é encantador. Eles dizem “ôxi”, “mainha”, “painho”, mas, não vi um só que falasse “meu rei”. E olha que morei ali por três meses! A maneira como pronunciam o “s” no interior de uma palavra é inconfundível.

Volta e meia, como agora, me pego a lembrar algumas das muitas coisas que vivi por lá. Vem a saudade e a certeza de que um dia eu volto. Porque saudade é sinal de que bons momentos merecem ser revividos.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Viagem Através dos Livros

Dias atrás, me surpreendi pensando nas maravilhas da literatura, nas diversas funções que ela desempenha em nosso cotidiano e nos amigos a quem ela me apresentou. Arte, forma de expressão, de perpetuação de uma cultura. Mais do que isso, a literatura é a medicina da alma humana. Quer curar dores emocionais? Escreva! Você vai ver como após algumas linhas se sentirá mais aliviado.
Não importa qual seu grau de intimidade com a gramática ou com as palavras – é claro que estes itens lhe serão úteis, mas não devem servir de empecilho para que não se expresse. Afinal, emoções podem ser descritas de diversas formas e fluem a todo momento. Basta ter suficiente sensibilidade para mostrá-las. Muitas vezes, sem que percebamos, construímos textos, belos textos, ao conversarmos com amigos ou ao escrevermos cartas. Então, se somos capazes de relatar fatos em conversas informais, por que não os transferirmos para um outro lado da realidade?
Acha que não tem um bom vocabulário? Não é capaz de articular as idéias de forma conexa? Leia! Não gosta de ler? Não diga isso, é uma grande mentira. A todo momento realizamos uma leitura não explícita ou que não explicita em palavras escritas a mensagem a ser passada. Sabe quando você olha para uma pessoa e sem que ela diga uma só palavra, já conseguiu descobrir o que ela queria dizer? É mais ou menos assim que funciona esse método.
Vou dar um exemplo mais próximo do que quero dizer. Gosta de artes plásticas? O que lhe diz um quadro de Van Gogh, Cândido Portinari ou Tarsila do Amaral? Se conseguiu compreender a essência da obra de um desses artistas, não tenha dúvida, acabou de ler um livro. É isso mesmo, assim como os livros, quadros e esculturas trazem consigo uma parte de seu autor e uma história para contar. Para quem não se interessa por esse tema, há outra alternativa. Já tentou interpretar letras de músicas? Digo interpretar no sentido de sentir, questionar, analisar. É um bom começo para entrar no mundo mágico que a literatura nos reserva.
Caso nenhuma das situações anteriores não se enquadre em sua personalidade, resta-me dizer que converse. Isso mesmo. Converse muito. Eu adoro conversar com meus amigos! E foi o amor à literartuta que me aproximou de vários deles.
Cada um à sua maneira me mostrou caminhos que jamais pensei que pudessem existir. É incrível como eles me compreendem e falam de forma sensata sobre tudo o que guardo dentro de mim. Vou lhes apresentar a alguns deles, infelizmente, não poderei falar sobre todos.
Bom, começarei por Carlinhos. É ele mesmo, Carlos Drummond de Andrade. Este mineiro da cidade de Itabira me ensinou que “uma pedra no meio do caminho” não é o suficiente para deter um sonho. Porque somos do tamanho daquilo que vemos, não do tamanho de nossa altura.
Agora vou falar de Ceci. Cecília Meireles é uma grande amiga. “Carioca da gema” sempre diz que “A vida... Ah, a vida a vida a vida só é possível reinventada”. Sua visão de transitoriedade das coisas faz com que o leitor passe a ver o mundo de uma outra forma, mais leve e mais fugaz.
Ainda não falei de Vini? Vinícius de Morais, conterrâneo de Cecília, sempre mostrava a importância de se valorizar o momento, pois as coisas acontecem “de repente, não mais que de repente”.
E Tomás? Já ouviu algo sobre ele? Tomás Antônio Gonzaga, mineiro que participou da Inconfidência, foi exilado do país. Vida triste a dele. Além de não poder viver em sua nação, teve que ficar longe de seu grande amor... Maria Dorotéia, a Marília do livro “Marília de Dirceu”. Acha que vou falar mais a respeito dele? De forma alguma! Não vou trair a confiança que depositou em mim ao contar sua história. Quer saber mais sobre este fabuloso escritor? Leia uma de suas obras. Elas são o resumo de sua trajetória.
Nossa... Conversar com Machado é algo fascinante! É viajar em tramas incomparáveis, analisar psicologicamente personagens e lidar com uma ironia que nos faz refletir constantemente sobre a condição humana.
Álvares apesar de um tanto dramático e boêmio é muito agradável. Está certo que é saudosista e fala da morte o tempo todo. Mas, uma coisa lhe garanto, “foi poeta - sonhou - e amou na vida”.
Weber, alemão determinado, fala muito bem da política e dos com que ela estão envolvidos. Relações de poder, Estado e sociedade. Vale a pena dialogar com ele.
Dudu, mais conhecido como Durkheim, era francês. Dedicado à sociologia, deixou bem claro que “os fatos sociais devem ser tratados como coisas”, pois são “externos ao indivíduo” e “exercem uma coerção sobre ele”. No início, este sociólogo parece uma pessoa complicada, mas com o tempo, você começa a entendê-lo.
Descartes, francês assim como Dudu, com sua máxima “penso, logo existo”, deu à racionalidade humana um outro aspecto. De abstrata, pode-se dizer que a razão passou a ser algo mais concreto e plausível para o homem.
Amigo incomparável, sem querer desmerecer os demais, é Sócrates. Nascido em Atenas (Grécia), este homem é um marco na história da filosofia. Sábio, ponderante e, acima de tudo, modesto, ele sempre dizia: “Tudo o que sei é que nada sei”. Com esta frase Sócrates queria dizer que ninguém é capaz de saber tudo, pois, quanto mais se conhece algo, mais se percebe o quanto ainda nos falta para aprender.
Deixo bem claro aqui que para ler não é preciso necessariamente ter um livro em mãos. Afinal, como diz Paulo Freyre: “A leitura do mundo antecede a leitura da escrita”. Sendo assim, olhe bem ao seu redor, leia a mensagem que o mundo está lhe transmitindo e a transcreva para o seu cotidiano.
Pois: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Célebre a frase de meu amigo Fernando, não acha? Quer mais algumas de suas palavras? Está bem. “Não sou nada. Não serei nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Poeta modernista português, Fernando Pessoa é tão importante que ganha destaque nos livros de literatura. Com uma genialidade como a dele, nada mais justo.
Tenho muitos outros amigos dos quais gostaria de falar, no entanto, me seriam insuficientes estas linhas que me restam. A literatura me aproximou de vários deles e me conduziu a mundos jamais visitados anteriormente. Mais do que uma forma de expressão, a literatura é o remédio para as enfermidades da alma, solução para os problemas da mente e alívio para as sobrecargas emocionais.

Ana Cláudia Mendes