segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sobre as Mudanças da Vida


Mudar dá trabalho, mas tem suas recompensas... Foi a conclusão a que cheguei depois de fazer minha mudança de casa. Nesse processo, desfazemos tudo o que “construímos” ao longo do tempo, nos deparamos com pedaços de nós deixados para trás... Desejos, planos... Quantos deles realizamos, quantos abandonamos. Quanto ainda está por vir...
Recordações, bons momentos esquecidos no baú da memória e reencontrados em gavetas. Guardados como relíquias cujo valor só pode ser medido por nós mesmos. Assim como a mudança no espaço físico, as transformações da vida passam pelos mesmos processos. Muitas vezes não nos damos conta, mas o tempo e as circunstâncias vão nos moldando. Aos poucos, nos transformamos em novas pessoas. Sem perceber, deixamos para trás parte de nossos sonhos, para quem sabe, retomarmos os planos no futuro.
O futuro chega... E volta e meia paramos para pensar se chegamos aonde queríamos. É hora de abrir as gavetas e baús de lembranças, nos confrontarmos com o que guardamos. Separamos o que achamos que ainda serve, descartamos o que era apenas ilusão momentânea. Nem sempre é fácil. Junto com tudo isso vêm também a separação, o gostinho antecipado da saudade... Um sentimento que insiste em nos prender onde estamos. Mas sabemos: é preciso seguir.
Hora de arrumar tudo de novo, refazermos nosso espaço com o que cabe nele, do nosso jeito.  Momento de adaptação. Percebe-se, aos poucos, que a novidade veio para renovar experiências, trazer novas expectativas. É aí que começa a real transformação. Claro que junto com ela virão desafios, mas o que seria a vida sem eles?
Depois de colocarmos tudo no lugar, quando temos a sensação de missão cumprida, vem o resultado do esforço físico: o cansaço.
É... Mudar não é fácil. Causa dor no corpo, traz dor na alma, exige coragem... Mas, acredite: tem suas recompensas. Como diz Taiz Gomes, uma amiga minha: “Mudar é para poucos. Eu espero que seja para você”.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

30


É impressionante...
Como o “ao lado” se torna distante.
O tudo se torna nada
Sem necessidade de palavras.
Os minutos parecem eternidade
Que dão vida à saudade
E a tudo o que era.
Os dias são rotina pautada na espera.
A mudança grita para surgir.
Possibilidades começam a se abrir.
Se aproxima a hora da decisão.
Equilibrar a mente com o coração.

domingo, 8 de maio de 2011

Para uma mãe em especial

Bom, hoje, Dia das Mães, vou falar sobre uma mãe em especial: minha avó materna. Há menos de um mês ela nos deixou, mas as lições de vida semeadas enquanto estava entre nós permanecem vivas. Este foi o primeiro dia das mães sem sua presença. Deu um vazio... Foi estranho ir à Brasília de Minas e não ir à casa dela. Deu saudade do rostinho feliz ao me ver chegar pra visitar, o abraço...
Minha avó, Dindinha como era chamada, foi um exemplo de força, determinação, bom caráter e doçura. Sempre exigiu dos filhos conduta exemplar. Era rigorosa com a disciplina e ao mesmo amável. Amou e educou a todos da mesma forma, os preparou para o mundo, formou uma família unida. União fácil perceber inclusive agora.
Como avó, que dizem que é mãe duas vezes, foi a melhor avó do mundo. Também nos cobrava respeito, fazia questão de reforçar a importância da mãe em nossas vidas. Falava o quanto devemos amar quem nos deu a vida. Talvez, preocupação de mãe com a felicidade e tranquilidade dos filhos, uma forma de compartilhar a responsabilidade pela educação dos netos. Ela também brincava com a gente, fazia questão de contar como foi a infância dela, mostrava pra gente as brincadeiras da época. E olhe, isso me ensinou a usar a imaginação, não ser dependente da indústria dos brinquedos. Aprendi a valorizar mais o "SER", porque o "TER" não paga nem vale tanto quanto um sentimento sincero.
Uma das lembranças que tenho de minha infância eram os dias em que ela vinha da fazenda (quando mais nova ela morava na fazenda onde viveu com meu avô) e ficava lá em casa. Todos os dias de manhãzinha - ela sempre acordou cedo - assim que o sol saía ela ia para o quintal e sentava para "esquentar o sol", como dizia. Eu ia junto, amava ficar ao lado dela ouvindo histórias...
Outro fato que me marca eram os dias em que eu a acompanhava até a missa. O sorriso no rosto dela, toda orgulhosa falando pras amigas da igreja: "Ela é minha neta"! O tempo passou... Ela foi se tornando cada vez mais frágil. Teve Alzheimer, mas nunca esqueceu o nome de nenhum dos filhos. Sempre se lembrou das datas de aniversário de todos, inclusive do meu. Tão pequeninha, aparentemente frágil, mas com um coraçãozinho enorme, sempre preocupada com todos ao seu redor.Queria ver todos felizes, que todos nós fôssemos felizes.A saudade ainda dói, mas é compensada pelos exemplos que deixou, pela certeza de que tivemos ao nosso lado uma pessoa mais do que especial. Uma mãe exemplar, que criou filhas maravilhosas, que se tornaram mães incríveis. Graças a ela digo hoje que tenho a melhor mãe do mundo!

terça-feira, 8 de março de 2011

8 de março


Um dia só para lembrar as conquistas daquelas que todos os dias vencem obstáculos, superam barreiras. Para que essa data existisse foi necessário que muitas delas morressem antes disso. Para alcançar as atuais conquistas, muitas outras se foram.
E mesmo diante do espaço aberto a nós na sociedade, o caminho ainda é complicado, cheio pedras, as constroem as barreiras do preconceito e da discriminação.
Quando buscamos independência, não queremos somente uma função a mais para somar às habituais atividades domésticas (a jornada tripla ou quádrupla da trabalhadora, mãe, esposa, dona de casa).
Queremos também compreensão, que os homens façam parte desse nosso universo assim como fazemos parte do mercado de trabalho. Colaboração, troca de experiências. Convivência de igual para igual. Alguns alcançaram esse nível, mas a grande maioria, infelizmente, ainda se prende aos conceitos tradicionais. Nada que nós, com nossa delicadeza e força, não consigamos superar. Só acho que tudo poderia ser mais fácil se, nessas horas, o ser humano usasse a razão que lhe difere dos demais animais, e enxergasse que juntos todos chegam ao melhor resultado.
Muitos 8 de março estão por vir. Que a cada ano, uma conquista a mais faça parte dessa história marcada por lutas. Parabéns a todas nós! E para finalizar, um poema de um escritor que admiro muito: Pablo Neruda.

Mulheres

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.

Pablo Neruda

Ainda Dá Tempo

Alguns segundos... Um olhar iluminado desses que fazem a gente esquecer que existe escuridão. Alguns segundos... E um sorriso doce dá vida a inúmeros sonhos. Essa sensação maravilhosa vem de uma menininha, de cerca de três anos, que conheci quando fui fazer uma reportagem na Fundação Sara. A instituição cuida de crianças e adolescentes do Norte de Minas e Sul da Bahia com câncer.
Assim que entrei na sala de visitas da Fundação vi alguns assistidos, entre eles a criança a que me refiro. Quando me sentei no sofá para conversar com a oncologista a respeito do assunto da reportagem, fui surpreendida pela ternura daquela menina. Ela se sentou ao meu lado, perguntou meu nome e, singelamente, se deitou em meu colo. Ao olhar para ela, vi um brilho no olhar que há tempos não via no rosto das pessoas com quem convivo, inclusive, no meu. Em seguida, um sorriso intenso, de derreter o coração mais gelado.
Ela é uma criança linda, cheia de vida e, que, assim como os outros assistidos pela instituição, luta pela vida. Fiz minha reportagem. Saí da Fundação, mas a lembrança daquela criança e, claro, a grande lição que ela me deu naquele dia, não saíram de mim. É simplesmente, incrível como ela, tão novinha, tão pequena, aparentemente tão frágil é capaz de emanar tanta vitalidade diante da situação. Sim, você pode dizer que ela não tem consciência do que se passa. Mas, respondo: Ela sente, literalmente, no corpo os efeitos de tudo isso, do tratamento que, por sinal, não é leve. Ainda assim, é um exemplo de perseverança, esperança... Vida.
Um exemplo de que, apesar das dores, é preciso sorrir. A prova de que gestos simples fazem a diferença, muitas vezes, de uma forma que nem se imagina. Para perceber isso, tempo é uma questão de sentimento, da velocidade e intensidade com que se capta a mensagem. A força? Bom... Acho que nem é preciso dizer que, neste caso, vai além do que os músculos podem fazer. Ela ultrapassa a barreira do físico.
Essa situação também me fez lembrar de que para tudo o que fazemos, há um retorno. Contribuo com a Fundação Sara por meio de doações. Nessa simples visita tive de volta muito mais do que ajudei até hoje. Recebi uma recompensa que não tem preço, um sentimento que nada nem ninguém no mundo vai poder me tirar: a certeza de que de alguma forma, contribui para que aquele sorriso estivesse naquele rostinho e também no rosto dos familiares que acompanham essa luta.
Saí dali com a certeza de que olhar além de si mesmo vale muito mais do que se pode imaginar.
O fim de ano está aí. A tradicional pergunta é inevitável: “O que você fez”? Pense bem. Ainda dá tempo de começar a escrever novos e emocionantes capítulos da sua história. E por que não, dar mais vida a outras histórias? Faça sua parte. Não precisa ser necessariamente na Fundação Sara. Existem outras instituições da cidade que também precisam de ajuda. Asilo São Vicente de Paulo, APAE, CCVEC são alguns exemplos. O auxílio material é apenas uma das formas de contribuir. Você pode fazer a diferença com visitas. Prestar trabalho voluntário é outra opção. Só não vá dizer que não tem tempo. Porque tempo, assim como a vida, é a gente quem faz.